"I am not Your Negro" na vida real
Volto à blogosfera, e vou chatear as duas ou três pessoas que lêem o que escrevo, e que cá vieram parar por engano, para falar de um assunto que agora é especialmente sensível para mim: o racismo.
Embora nunca o tenha sentido na pele, a verdade é que agora lido diariamente com pessoas (vá, pessoas pequeninas a.k.a crianças) que vivem ou já viveram situações de racismo. São crianças negras e ciganas, de um bairro com uma fama não muito boa. Relativamente ao bairro não tenho nada a apontar, vou lá quase todos os dias durante a semana, saio de lá de noite e nunca me aconteceu rigorosamente nada. Quanto aos meus meninos, são uns terrores mas já ganharam o meu coração.
Numa actividade que fizemos com eles, mostramos-lhes dois vídeos sobre o racismo, e o assunto incomodou-os porque já tinham vivenciado situações como as que foram transmitidas nos vídeos, choraram até. Ninguém devia ser discriminado pela sua cor da pele ou pela sua etnia, sobretudo crianças.
Como dizia Sophia de Mello Breyner, “Todos vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”. Eu não quero ignorar, mas o que se faz nestas situações? Não consigo controlar as acções dos outros, no entanto sinto que tenho que fazer alguma coisa acerca deste assunto, nem que seja para ajudar os meus pequenos.
As crianças não nascem racistas, acredito nisso, e as ideias racistas são transmitidas através da educação, do ambiente que os rodeia. Mas também acredito que existe uma altura na vida em que essa parte deixa de importar tanto, chega uma altura na vida em que é fácil (ou deveria ser) distinguir o bom do mau.
Felizmente vivo rodeada de pessoas boas, mas acho que se algum dia me cruzasse com um amigo ou conhecido que fosse um pouco que seja racista, não conseguia continuar uma amizade com essa pessoa. Consigo aceitar pessoas que gostem de touradas, por exemplo (apesar de ser super contra essa “tradição”). Não consigo aceitar pessoas racistas, que julgam e maltratam os outros pela cor da pele.
Bem, dado este ser um assunto com que agora convivo mais, comecei também a informar-me mais sobre o mesmo. Comecei a ler o livro “I am Not Your Negro”, de James Baldwin e a ver a série “Dear White People”. Recomendo ambos, mesmo. Especialmente se se interessam sobre estes assuntos.